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O Islam Como uma Religião de Misericórdia Universal

Atualizado: 6 de nov. de 2020

A vida é primeira e manifesta bênção de Allah, e a verdadeira e eterna vida é a da Outra Vida. Uma vez que merecemos essa vida por agradecermos a Allah, Ele enviou profetas e revelou Escrituras por Sua compaixão a nós. Por essa razão, enquanto mencionando Suas bênçãos sobre a humanidade na Surata Ar Rahman (O Clemente), Ele começa: “O Clemente. Ensinou o Alcorão. Criou o homem, e ensinou-lhe a eloquência.” (55:1-4). Todos os aspectos dessa vida são um ensaio para a Outra Vida, e cada criatura está empenhada com esse fim. A ordem é evidente em cada esforço, e a compaixão reside em cada empreendimento. Alguns eventos “naturais” ou convulsões sociais podem parecer desagradáveis no início, mas não devemos considerá-los como incompatíveis com a compaixão. São como as nuvens escuras ou os trovões e relâmpagos que, apesar de assustadores, entretanto, nos trazem boas novas da chuva. Assim, todo o universo louva ao Compassivo.  O Profeta Muhammad (sallalláhu alaihi wa sallam) é como poço de água pura no coração do deserto, fonte de luz nas trevas tenebrosas. A misericórdia foi como chave mágica nas mãos do Profeta, pois com ela abriu os corações que estavam tão endurecidos e enferrujados que ninguém pensou que pudessem ser abertos. Mas, ele fez mais ainda: acendeu uma tocha de crença neles. O Mensageiro de Allah (sallalláhu alaihi wa sallam) pregou o Islam, a religião da misericórdia universal. Porém, alguns auto proclamados humanistas dizem que é “uma religião da espada”. Isso está completamente errado. Similarmente, é muito importante partilhar a compaixão e identificar quem a merece, uma vez que “a compaixão por lobo aguça o seu apetite e, não contente com o que recebe, exige mais.” A compaixão por malfeitores os torna mais agressivos e os encoraja a agir contra os outros. De fato, a verdadeira compaixão requer que essas pessoas sejam impedidas de fazer o mal. Quando o Mensageiro de Allah (sallalláhu alaihi wa sallam) disse aos seus companheiros para ajudarem as pessoas quando são justas ou injustas, perguntaram-lhe para explicar esse aparente paradoxo. Ele replicou: “Vocês ajudam essas pessoas impedindo-as de se envolverem em injustiça.” Assim, a compaixão requer que aqueles que causam problemas devem ser privados dos meios de fazerem isso ou serem parados. Do contrário, certamente tomarão o controle e farão o que desejarem.  A compaixão do Mensageiro de Allah (sallalláhu alaihi wa sallam) abrangeu todas as criaturas. Ele sabia que permitindo a mancha de sangue, a sede de sangue das pessoas de controlarem aos outros seria a mais terrível forma de tirania imaginável. Portanto, por compaixão, ele exigiu que cordeiros devem viver em segurança contra os ataques dos lobos. Ele desejou, certamente, que todos fossem guiados. De fato, essa foi a sua maior preocupação: “É possível que te mortifiques de pena por causa deles, se não crerem nesta Mensagem” (18:6). Quando foi gravemente ferido em Uhud, ergueu as mãos e suplicou: “Ó Allah, perdoa o meu povo, porque não sabe o que faz.” Os maquenses, seu próprio povo infligiu-lhe tantos sofrimentos que ele finalmente migrou a Madina. Mesmo depois disso, os cinco anos seguintes estavam longe de serem pacíficos. Porém, quando conquistou Makka sem derramamento de sangue, no vigésimo primeiro ano de sua missão, perguntou aos maquenses: “O que vocês esperam de mim?” Responderam com unanimidade: “Você é nobre, filho de nobre.” Ele, então, transmitiu-lhes a sua decisão: “Podem ir, não serão mais repreendidos depois desse dia. Que Allah os perdoe, porque Ele é o mais Compassivo.”1 O Mensageiro (sallalláhu alaihi wa sallam) mostrou o mais alto grau de compaixão pelos crentes: “Chegou-vos um Mensageiro de vossa raça, que tem pena do vosso infortúnio, anseia por proteger-vos, e é compassivo e misericordioso para com os crentes.” (9:128). “E abaixa gentilmente as asas para os crentes” (15:88) e “tem mais domínio sobre os crentes do que eles mesmos (sobre si).” (33:6). Sua compaixão abrangeu mesmo os hipócritas e os incrédulos. Ele sabia quem os hipócritas eram, mas nunca os revelou, pois isso iria privá-los dos direitos de cidadãos que eles ganharam por sua exterior confissão de fé e prática. Quanto aos incrédulos, Allah removeu sua destruição coletiva, apesar de ter erradicado muitas daquelas pessoas no passado: “Porém, é inconcebível que Allah os castigue, estando tu entre eles; nem tampouco Allah os castigará enquanto puderem implorar por perdão.” (8:33). Esse versículo se refere aos incrédulos de qualquer tempo. Allah não destruirá pessoas todas juntas enquanto aqueles que seguem o Mensageiro (sallalláhu alaihi wa sallam) estiverem vivos. Além disso, Ele deixa a porta de arrependimento aberta até o Dia do Juízo Final. Qualquer um pode aceitar o Islam ou pedir o perdão a Allah, não importa quão pecador se considera ser. Por essa razão, a inimizade com os incrédulos é uma forma de piedade. Quando Ômar viu um incrédulo de 80 anos, sentou-se e chorou. Quando foi perguntado porque fez aquilo, respondeu: “Allah lhe concedeu uma longa vida mas ele não conseguiu encontrar a verdadeira senda.” Omar foi discípulo do Mensageiro de Allah (sallalláhu alaihi wa sallam), que disse: “Não fui enviado para amaldiçoar as pessoas, mas como misericórdia.”2 E disse: “Sou Muhammad, Ahmad (o louvado), Mucaffi (o último Profeta), o Háchir (o último Profeta na presença do qual os mortos serão ressuscitados), o Profeta de arrependimento (o Profeta para quem a porta do arrependimento está sempre aberta) e o Profeta da misericórdia.”3 O Mensageiro de Allah (sallalláhu alaihi wa sallam) era particularmente compassivo para com as crianças. Quando viu uma criança chorando, sentou-se ao lado dela e compartilhou de seus sentimentos. Sentiu a dor de uma mãe por sua criança mais do que ela mesma. Uma vez disse: “Levanto para orar e desejo prolongar a oração. Porém, ouço o choro de uma criança e encurto a oração por causa da ansiedade da mãe.”4 Ele pegava as crianças no colo e as beijava. Uma vez, quando estava beijando seus amados netos, Hassan e Hussein “radhiyal láhu ‘anhum”, Acra’ ibn Habis lhe disse: “Tenho dez filhos e nunca beijei um deles.” O Mensageiro de Allah (sallalláhu alaihi wa sallam) lhe disse: “Quem não tem piedade dos outros, ninguém terá piedade dele.”5 De acordo com outra versão, acrescentou: “O que posso fazer por você se Allah arrancou a piedade de seu coração?”6 Uma vez disse: “Tenha piedade de quem está na terra que terá piedade de você Quem está no céu.”7 Uma vez, quando Sa’ad ibn Ubáda adoeceu, o Mensageiro (sallalláhu alaihi wa sallam) o visitou e, vendo seu fiel companheiro em estado lamentável, começou a chorar. Disse: “Allah não pune por causa das lágrimas ou da tristeza, mas pune por causa disso”, e apontou para a sua língua.8 Quando Otman ibn Mas’um morreu, ele chorou copiosamente. Um membro do clã Banu Mucarrin bateu uma vez em sua serva. Ela informou o Mensageiro de Allah (sallalláhu alaihi wa sallam), que mandou chamar o amo. Disse-lhe: “Você bateu na sua serva sem nenhum direito justificável. Liberte-a.”9 Libertar um escravo era bem melhor para o amo do que ser punido na Outra Vida por causa daquele ato. O Mensageiro de Allah (sallalláhu alaihi wa sallam) sempre protegeu e ajudou as viúvas, os órfãos, os pobres e os necessitados mesmo antes do anúncio de sua missão. Quando retornou ao lar excitado do monte Hirá após a primeira revelação, sua esposa, Khadija, lhe disse: “Espero que será o Profeta dessa comunidade, pois você sempre falou a verdade, digno de confiança, ajuda seus parentes, ajuda o pobre e o débil e alimenta os hóspedes.”10 Sua compaixão atingiu mesmo os animais. Ouvimos o dito dele: “Uma prostituta foi guiada para a verdade por Allah e finalmente foi para o Paraíso porque deu de beber a um cão sedento. Outra mulher foi enviada para o Inferno porque deixou um gato morrer de fome.”11 Quando estava retornando de uma campanha militar, alguns companheiros tiraram alguns filhotes de pássaros do ninho. A mãe dos passarinhos voltou e não encontrando os filhotes no ninho, começou revoar ao redor piando alto. Ao sabê-lo, o Mensageiro (sallalláhu alaihi wa sallam) ficou zangado e ordenou que colocassem os filhotes de novo no ninho.12 Enquanto estava em Mina, alguns dos companheiros atacaram uma cobra para matá-la. Porém, ela conseguiu escapar. Vendo aquilo à distância, o Mensageiro (sallalláhu alaihi wa sallam) afirmou: “Foi salva de suas maldades, pois vocês faziam parte de suas maldades.”13 Ibn Abbás relatou que o Mensageiro (sallalláhu alaihi wa sallam) viu um homem amolando a faca perante uma ovelha que iria sacrificar. Perguntou: “Você quer matá-la muitas vezes?”14 Ele erradicou todas as diferenças raciais e de cor. Uma vez Abu Zarr ficou tão zangado com Bilal (radhiyal láhu ‘anhu) que o insultou: “Ó filho de uma negra!” Bilal foi ter com o Mensageiro e relatou o incidente em prantos. O Mensageiro (sallalláhu alaihi wa sallam) repreendeu Abu Zarr: “Você continua tendo sinais da época pré-islâmica (jahiliya)?” Cheio de arrependimento, Abu Zarr se deitou no chão e disse: “Não removerei a cabeça daqui até que Bilal pise nela.” Bilal o perdoou e foram reconciliados.15 Notas: Este artigo apareceu originalmente em Fethullah Gülen, Sonsuz Nur, 9ª edição (Izmir: Nil Yayinlari, 1997) 1:377-97.




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