Os Verdadeiros Muçulmanos Não Podem Ser Terroristas
- Islam e Dialogo
- 24 de out. de 2020
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Atualizado: 6 de nov. de 2020
Islam significa literalmente “renúncia”. O Islam é a religião do contentamento, segurança e paz. Esses princípios são tão comuns na vida do muçulmano que, ao rezar a Salat, ele corta todos os laços com o mundo, curva-se e prostra-se diante de Deus. Em seguida coloca suas mãos sobrepostas em sinal de respeito. Quando ele sai da oração, ele sai para iniciar uma vida nova. Ele termina a oração saudando os que estão à esquerda e à direita e desejando-lhes saúde, segurança e paz, depois ele se junta às outras pessoas. A saudação aos outros e os votos de paz são considerados entre os mais auspiciosos atos no Islam. Quando perguntaram ao Profeta Muhammad (Deus o abençoe e lhe dê paz), “Qual é o ato mais auspicioso no Islam?” Ele respondeu: “Dar comida para os outros e cumprimentar todos aqueles que você conhece e os que não conhece também”. Acusações de Terrorismo É uma grande vergonha que o Islam, possuindo uma base de doutrinas, seja visto pelos outros como uma religião que pratica atos de terror. Este é um enorme erro histórico, como já insistimos, o islam é um sistema baseado na paz e segurança. Quando o Islam passa a ser associado ao terrorismo, em primeira instância, mostra que as pessoas nada conhecem do verdadeiro espírito do Islam e são incapazes de apreender por suas próprias almas. Deve-se procurar o Islam por meio de suas fontes e de seus verdadeiros representantes em toda a história. E não através das ações de uma ínfima minoria que mal o representam. A verdade é que não existe qualquer aspereza e fanatismo dentro do Islam. O islam é uma religião totalmente voltada para a tolerância e o perdão. Seus pilares de amor e tolerância tem como representantes: Maulana (Rumi), Yunus Emre, Ahmed Yesevi, Bediüzzaman e outras figuras similares que expressaram o aspecto mais bonito do Islam e são considerados por terem tido uma vida repleta de histórias e exemplos de afeto e tolerância. O Jihad no Islam O Jihad é um elemento no Islam que tem suas bases em determinados princípios que visam suprimir todos os obstáculos para a defesa ou a exaltação do nome de Deus. Podemos citar inúmeros exemplos ao longo da história em relação a este tema. Como uma nação, mostramos excelente defesa em várias frentes tais como Canakkale e Trablusgarp. Se não o tivéssemos feito, diríamos a nossos inimigos, com intenção de ocupar o nosso país: “Você chega para nos tornar civilizados. Isso é bom. Bem vindo. Você trouxe soldados!” Sempre haverão batalhas, isto é uma realidade incontestável da humanidade. No entanto, os versículos do Alcorão revelados a Muhammad (Deus o abençoe e lhe dê paz), detalhando as condições para o jihad, como o objetivo principal do Islam,foram mal interpretados. Na essência, as pessoas, que não conseguiram captar o verdadeiro espírito do Islam, são incapazes de estabelecer um equilíbrio entre os grandes e os pequenos pontos, e, aliado ao fato de serem consumidos pelo ódio, leva-os a má interpretação do Islam. Entretanto o seio de uma verdadeira comunidade muçulmana está cheio de amor e carinho por toda a criação. Um poeta escreveu uma vez: Muhammad foi afeto; sem Muhammad o que lhes vem de afeto! A existência ligada ao Amor Sim, Muhammad (Deus o abençoe e lhe dê paz) é um homem de afeto. Ele é também conhecido como “Habibullah” derivada da palavra “habib” que significa “quem ama Deus e é amado por Ele”. Místicos como Imam Rabbani, Maulana Khálid e Shah Waliyullah Dehlevi dizem que é o mais elevado grau de amor. Deus criou tudo no amor e o Islam é o bordado de renda, delicado desse amor. Nas palavras de outro grande místico, o amor é a razão de ser da existência da criação. Claro que a despeito de tudo isto, não podemos negar que o Islam tem um elemento de violência em nome do impedimento. No entanto, algumas pessoas pegam esse elemento, que deveria ser secundário e o consideram como se o Islam fosse todo violento, quando o Islam é pacífico. Uma vez, um amigo meu que compartilhava esses sentimentos me disse: “Você fala com todos, sem impor quaisquer restrições. Isso, por sua vez, quebra a tensão, considerando que fomos ensinados que segundo o Islam, devemos mostrar a nossa hostilidade a certas pessoas em nome de Deus.” Na verdade, esse pensamento ocorre da interpretação errada dessa ideia. No Islam, tudo é criado para ser amado em nome de Deus. Ser odiado e demonstrar hostilidade são pensamentos e sentimentos impuros, imorais e constituem blasfêmia. O homem significa para Deus uma criatura nobre (17:70) e podemos dizer que todo mundo é abençoado com essa qualidade em graus diferentes. O Profeta de Deus (Deus o abençoe e lhe dê paz) estava passando por um funeral judeu e parou para prestar seu respeito. Ao lembrar que o homem a ser sepultado era judeu, Muhammad (Deus o abençoe e lhe dê paz) respondeu: “Ele ainda é um ser humano”. Ele demonstrou o valor dado à humanidade no Islam. Sim, esse era o tamanho do respeito do nosso Profeta pelas pessoas. O que está por trás de certas pessoas ou instituições muçulmanas que desvirtuam o Islam, envolvidas em ataques terroristas que ocorrem em todo o mundo, deve ser procurada não no Islam, mas dentro das próprias pessoas, em suas más interpretações e em outros fatores. Assim como o Islam não é uma religião de terrorismo, qualquer muçulmano que compreenda corretamente o Islam não pode ser visto como terrorista. Uma vez que há exceções a serem vinculadas, são positivas as interpretações do Islam pelos turcos. Se espalharmos a compreensão do Islam na posse dos pilares de afeto como Maulana e Yunus Emre pensavam, e se podemos passar sua mensagem de amor, diálogo e tolerância, então as pessoas do mundo inteiro vão correr para os braços do amor, da paz e da tolerância que o islam representa. A tolerância do Islam é tão vasta que o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) proibia veementemente até mesmo ofensas ditas as pessoas. Apesar de todos os esforços de auto-sacrifício de Muhammad (Deus o abençoe e lhe dê paz), Abu Jahl não conseguiu se tornar um muçulmano e morreu desgraçado. Na verdade o nome Jahl significa ignorância. Na verdade, aquele homem ignorante e grosseiro gastou toda a vida sendo inimigo do Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz), suas atitudes tornaram-se a segunda natureza para os muçulmanos. Dizem que, pouco depois da conquista de Makka, o filho muçulmano de Abu Jahl começou a dizer coisas no conselho contra o pai e foi repreendido pelo Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) por fazê-lo. Respeito pelo Ser Humano Em outra tradição (dito do Profeta -(Deus o abençoe e lhe dê paz) ), ele disse que seria um grande pecado alguém jurar pela mãe ou pelo pai de alguém. Eles perguntaram a ele se uma pessoa nunca jurou por seus sogros. Ele respondeu que se alguém jura por outro pai ou outra mãe, então ele causa à sua própria mãe ou pai sua efetiva culpa como se tivesse jurado por eles mesmos. Embora o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) tenha saído de seu caminho para mostrar respeito pelos outros, o fato é que hoje é as pessoas estão citando a religião quando se dirigem de forma ofensiva aos outros, significando que eles não entenderam corretamente o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz). Isso porque não há espaço para ódio ou hostilidade, quer no Islam ou no mundo multicolorido do seu enviado, Muhammad (Deus o abençoe e lhe dê paz). Servos de Deus Quando lemos o Alcorão, vemos que ele está baseado em pensamentos de perdão e tolerância. Na passagem de “Ál ‘Imran” no Alcorão se lê: “Apressai-vos em obter a indulgência do vosso Senhor e um Paraíso cuja amplitude é igual à dos céus e da terra, preparado para os tementes, que fazem caridade, tanto na prosperidade, como na adversidade; que reprimem a cólera; que perdoam o próximo. Sabei que Deus aprecia os benfeitores” (3:133-134). Vamos explicar melhor. Você sofre um incidente que faz seu sangue ferver; por exemplo, pessoas rogam pragas e insultam você. Tanto o quanto podem, você deve se comportar de modo indiferente e não reagir. O Alcorão descreve a forma como as pessoas de boa moral devem se comportar, mesmo em momentos que desejam explodir: São pessoas tão magnânimas que quando confrontadas com acontecimentos que iriam deixá-los malucos, engolem sua raiva mesmo sendo como um espinho e fazem vistas grossas aos defeitos dos outros. As palavras árabes para essa passagem tem muito significado. “Cazm” significa engolir o que não pode ser engolido; entretanto “cázim” significa alguém que engoliu a sua própria raiva. Em outra passagem, Deus diz a seus seguidores: “Aqueles que não perjuram e ao se depararem com as futilidades, delas se afastam com honra.” (25:72). O Estilo Islâmico Quando olhamos a vida do exaltado Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) , vemos que ele praticava tudo o que pregava no Alcorão. Por exemplo, para alguém que vinha e admitia o adultério perguntando por purificação de seus pecados independente da punição, o Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) dizia: “Vá para casa e arrependa-se. Não existe pecado que Deus não perdoará”. Outro hadice (dito) fala de uma pessoa que acusava outra ao Profeta (Deus o abençoe e lhe dê paz) de tê-la roubado. Apenas quando a sentença foi estabelecida, foi que o homem voltou e perdoou o ladrão, então Muhammad (Deus o abençoe e lhe dê paz) disse, “Porque você não perdoou ele primeiro?” Assim, quando tudo é analisado em detalhes pelas suas próprias fontes, vê-se o estilo adotado por aqueles que tratam os outros com ódio e hostilidade, aos que se opõem aos muçulmanos, judeus e cristãos, aguçando-lhes a sua raiva chamando-os de “infiéis” e não está de acordo em tudo com o que diz o Islam. Como salientamos acima, o Islam é uma religião de amor e tolerância. Os muçulmanos são guardiões desse amor e carinho, são os que evitam todos os atos de terrorismo e purgam seus corpos de todas as formas de ódio e hostilidade.
Notas Finais:
Este artigo apareceu originalmente no Jornal Turkish Daily News, em 19 de Setembro de 2001, extraído do livro “Tolerance and Atmosphere of Dialogue in Fethullah Gülen’s Writings and Saying” (Tolerância e Clima de Diálogo Nos Escritos e Ditos de Fethullah Gülen). Reimpresso com permissão.
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